CELEBRAÇÕES DO DIA INTERNACIONAL DE ACESSO UNIVERSAL À INFORMAÇÃO
(28 de SETEMBRO)
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 2015, declarou a data “28 de Setembro” como Dia Internacional de Acesso Universal à Informação (IDUAI), com objectivo de estabelecer uma plataforma para reflexão sobre a causa do acesso à informação, em reconhecimento da importância do acesso dos cidadãos à informação de interesse público, aspecto fundamental para materialização de direitos e liberdades fundamentais.
Segundo a UNESCO, esta data é também de especial relevância para o plano de acção desenvolvido para erradicação da pobreza e promoção do desenvolvimento económico, social e ambiental à escala global até ao ano 2030 (a Nova Agenda 2030).
Com efeito, a celebração pretende constituir-se como meio para promover a governação transparente, responsável e eficiente, abrindo caminhos para liberdade de expressão, diversidade cultural e linguística, bem assim para a participação dos cidadãos na vida pública. Também almeja alertar, especialmente, para a necessidade de cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Com a institucionalização da data pela UNESCO, a partir de 2016, em todo mundo, passou-se a registar a celebração do IDUAI. No nosso país, esta data é comemorada sob orientação do governo, anualmente, desde 2018, através de várias iniciativas, com destaque para organização de palestras, mesas-redondas, apresentação de estudos e balanços relativos ao acesso à informação na Administração Pública, entre outras acções, visando promover o direito à informação.
Importa referir que, em Moçambique o acesso à informação é um direito constitucional regulado pela Lei do Direito à Informação (Lei n.º 34/2014, de 31 de Dezembro), a base legal para materialização do direito que assiste aos cidadãos moçambicanos de participação democrática na vida pública, bem assim para materialização dos seus direitos fundamentais conexos, em consonância com acordos internacionais de que o nosso país é signatário.
Para o presente ano, as cerimónias decorrem em todo território nacional sob o lema internacional: “Garantindo o Acesso à Informação Ambiental na Era Digital”. Este lema foi definido pela UNESCO, realçando a importância vital do acesso atempado, abrangente e transfronteiriço à informação ambiental, num mundo cada vez mais digital. Destaca-se assim que as tecnologias digitais e plataformas de dados abertos podem aprimorar o acesso público, promover a transparência e capacitar cidadãos e partes interessadas a participarem significativamente nos processos de governação ligados ao ambiente e do desenvolvimento sustentável, sendo o acesso à informação ambiental particularmente importante para populações em risco de desastres naturais, devido às mudanças climáticas.
Participam destas comemorações centrais, na qualidade de publico-alvo:
- Parceiros de Cooperação,
- Gestores de documentos e informação da Administração Pública;
- Membros das comissões de avaliação de documentos da Administração Pública.
- Gestores de informação classificada;
- Responsáveis pelos sectores de comunicação e imagem;
- Técnicos de Tecnologias de Informação e Comunicação;
- Funcionários e agentes do Estado;
- Estudantes de ciências de Informação e Comunicação;
- Colaboradores de Organizações da Sociedade Civil,
ACTIVIDADES PROGRAMADAS
No âmbito das celebrações do 28 de Setembro e da Semana Internacional de Acesso Universal à Informação (27 de Setembro a 03 de Outubro) foram agendadas diversas de actividades, com destaque para as seguintes:
- Marchas e Feiras Multidisciplinares;
- Mesas-Redondas, Palestras e Debates sobre matérias de acesso à informação na AP;
- Participação e troca de experiências na Conferência Internacional sobre o Acesso Universal à Informação;
- Formação e capacitação de FAE´s em matérias de interesse da área; e
- Visitas de troca de experiência.
Cidade de Xai-Xai, 28 de Setembro de 2025
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INGEMO, IP PARTILHA “ PESQUISA DE NOMES GEOGRÁFICOS DAS UNIDADES TERRITORIAIS DE LÍNGUAS BANTU” NO III WORKSHOP DE MAPEAMENTO PARTICIPATIVO E CARTOGRAFIA SOCIAL
O evento, da iniciativa do Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável, foi realizado no dia 27 de Agosto de 2025, 100% on-line e reuniu pesquisadores de países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
O INSTITUTO DE NOMES GEOGRÁFICOS DE MOÇAMBIQUE, IP (INGEMO, IP) foi representado pelo técnico Paulino Bata, num painel que contou ainda com Ana Resende – do IBGE, Brasil, Adriana Batata – da Wilkimedia, Brasil, Salvador Carpi Júnior – docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob moderação de Raquel Souto – coordenadora do Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável.
Na sua intervenção, o representante do INGEMO, IP, Paulino Bata abordou que a pesquisa de nomes geográficos de unidades territoriais visa facilitar decisões sobre escrita e padronização de nomes geográficos de origem Bantu, garantindo desta forma, a correta identificação nos mapas, cadastros e sistemas de informação, assim como a promoção da cultura, identidade e eficiência administrativa. Acrescentou que sendo Moçambique, um país multilingue, onde 85% da população tem como língua materna uma das línguas Bantu, é necessário valorizar as línguas moçambicanas na padronização dos nomes geográficos.
Sobre a metodologia usada na pesquisa de nomes geográficos, Paulino Bata partilhou que o trabalho compreende três fases: trabalho pré-campo que consiste na pesquisa bibliográfica e documental para contextualizar e identificar fontes confiáveis; trabalho de campo, onde são feitas entrevistas com líderes locais e anciãos, reuniões com grupos focais, observação direta e recolha de documentos locais; e Trabalha de Gabinete que se resume em fazer a transcrição e análise de dados, redação de relatórios e elaboração do historial dos nomes (origem, significado, contexto geográfico e histórico).
Também foram expostos os desafios da pesquisa, nomeadamente: aportuguesamento – que consiste em os entrevistados pronunciarem um nome geográfico de origem Bantu em Português, como forma de manter o status ou provar que são alfabetizados; grafias inconsistentes – em diferentes documentos, mesmo nome tem grafia variada; um nome atribuído a diferentes lugares – exemplo de Nyamayabwe e Kambulatsitsi, o primeiro que é nome de um município e também é nome do Posto Administrativo, o segundo é nome do Posto Administrativo e Também é nome da Localidade, facto dificulta os serviços de administração, comércio, transporte e outros; lugares com nomes múltiplos (oficial vs. nome usado pela comunidade) – exemplo a localidade de Kambulatsitsi, localmente é conhecida por Muhaladzi, a Vila de Homoíne, localmente conhecida por KaManyike; nomes oficiais rejeitados pelos residentes – exemplo: as Localidade de Lutete e Nyatimamba e os Bairros Jorge Dimitrov e 25 de Junho as comunidades chamam por Miteda e Kamijunji e Benfica e Choupal, respectivamente.
Em termos de recomendações, sugeriu-se que, antes de atribuir ou alterar um nome geográfico é sempre necessário o seguinte: Realizar estudos etno-linguísticos com as comunidades; escrever os nomes conforme a ortografia da língua Bantu correspondente; priorizar nomes com uso histórico consolidado; e considerar o contexto histórico, social e cultural na atribuição de nomes geográficos.
Por Paulino Bata